Há alguns anos surgiu um novo conceito no mundo da corrida: o tênis minimalista. O que no inicio era algo estranho e cercado de dúvidas, aos poucos foi ganhando conhecimento e visibilidade entre os corredores. A maioria das pessoas já sabe reconhecer um tênis minimalista, mas ainda existem muitos equívocos a respeito dos efeitos que ele tem sobre o corpo durante a corrida, principalmente em relação ao amortecimento de impacto.
Vários corredores já me perguntaram: o impacto na corrida com tênis minimalista é maior, já que ele não tem amortecedor? Embora o raciocínio pareça lógico a resposta é não. O impacto na corrida é menor quando se usa um tênis minimalista, desde que se corra da forma correta, que é aterrissando no chão com o meio do pé e não com o calcanhar.
O objetivo do tênis minimalista é interferir o mínimo possível no corpo e permitir um padrão de corrida como se a pessoa estivesse correndo descalça. Para isso ele deve ser leve, flexível, ter o formato largo para não apertas os dedos, não ter diferença de altura entre a parte da frente e de trás (o chamado “drop zero”), não ter suporte para o arco do pé na parte interna e ter muito pouco ou nenhum sistema de amortecimento. E é essa última característica que parece gerar confusão.
O amortecedor e estrutura dos tênis tradicionais favorecem um padrão de corrida em que se bate primeiro o calcanhar no chão, o que gera um pico de impacto brusco e alto sobre o corpo. O amortecedor do tênis atenua esse impacto, mas não o anula.
Na corrida descalça e com tênis minimalista, a parte central do pé é a primeira a tocar o chão na aterrissagem da corrida e os próprios músculos do corpo atuam como amortecedores, principalmente a panturrilha. Nesse caso não há o pico de impacto observado com tênis tradicionais. Você pode fazer uma experiência para vivenciar esse fenômeno: dê um pequeno salto para cima e aterrisse com os calcanhares: você irá sentir um impacto grande e seco. Agora pule e aterrisse com a parte da frente do pé: você perceberá que o impacto foi muito mais suave e que sua panturrilha trabalhou como amortecedor. É mais ou menos isso que acontece na corrida.
Um período de fortalecimento e adaptação antes da mudança para um tênis minimalista é de fundamental importância. O fortalecimento da musculatura, principalmente dos pés e panturrilha, e o treino do padrão correto de pisada vão garantir uma corrida saudável com esse tipo de calçado. Sem essa fase de transição o corredor pode começar a usar um tênis minimalista e ainda aterrissar como calcanhar, o que é prejudicial.
Entenda que o seu corpo e a forma como ele se movimenta são os protagonistas da corrida. Tênis e outros acessórios são coadjuvantes. Então invista primeiramente em você e depois pense em trocar de tênis.
Fonte: fisioterapia.com
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