No início do século XIX os pacientes eram orientados a guardarem repouso sempre que uma enfermidade aguda ou crônica era diagnosticada. Tinha-se como certo que o esforço físico roubaria energia que seria destinada para a cura, levando à morte ou mesmo à incapacidade.
Com o advento dos ergômetros, estudos observacionais e prospectivos, a ciência mostra que ficar parado é bom apenas para quem é preguiçoso. A revolução industrial e as modernidades que chegaram com ela, empurraram a civilização ao sedentarismo enquanto que a ciência começava a mostrar que o maior aliado de todos os tratamentos propostos, clínicos, cirúrgicos, medicamentosos ou não, são os exercícios programados.
Com cautela, programas de reabilitação cardíaca, para transplantados e infartados, começaram a entrar em prática, com supervisão médica e de educador físico especificamente treinado para a função.
Esses programas passaram a ser estendidos e adaptados a outros doentes como os osteoporóticos, portadores de doença renal crônica em diálise, imunodeprimidos como os portadores do vírus HIV, diabéticos, hipertensos, obesos, entre tantos outros.
A medida que os estudos mostraram os benefícios alcançados, perguntas permaneciam sem resposta: qual o volume semanal de treinamento? Nele, o que é mais importante, a intensidade, duração ou frequência?
As diretrizes e posicionamentos atuais apontam como eficientes os exercícios em intensidade moderada, por tempo prolongado, repetidos 3 a 4 vezes por semana para as enfermidades crônicas que tem na atividade física um coadjuvante do tratamento. Essas afirmações tem por base inúmeros estudos publicados que comprovam a eficiência.
Como o corpo humano, a ciência não deve permanecer estática e o cientista sempre aberto a novas hipóteses. E, digamos, a "bola da vez" são os treinamentos intervalados. Treinamento intervalado vem sendo aplicado em doentes portadores de diabetes tipo 2, na reabilitação cardíaca e algumas doenças neurológicas como o Parkinson. São exercícios de alta intensidade por curto período de tempo, em torno de 1 minuto, seguidos de recuperação ativa. Permite que o tempo total da sessão seja menor e que o volume semanal se mantenha.
Os resultados das pesquisas recentes são promissores. Vêm mostrando que ficou mais fácil o controle do diabetes, a regressão da obesidade e a reabilitação cardíaca, além de diminuir os tremores dos Parkinsonianos.
Para qualquer atividade física, para qualquer indivíduo, os excessos devem ser evitados. Quando se trabalha em alta intensidade, os riscos aumentam, não só da doença de base, mas também do aparecimento daquelas decorrentes da prática exagerada.
Devemos lembrar que esses pacientes podem apresentar uma sarcopenia, perda de massa muscular decorrente da idade e da doença crônica, o que os expõe às tendinites, sinovites, bursites, entre outras, decorrentes dos excessos sem recuperação adequada.
Pertencem aos estudos, pacientes de gravidade moderada que podem executar trabalhos sem que tenham supervisão direta. É de meu entender que mesmo esses devem ser supervisionados, cuidado ainda maior com os mais graves. Esse estado de coisas impõe uma acurada avaliação médica, de preferência por especialista em medicina do esporte, para indicação dos limites para o exercício.
A meu ver, os treinamentos intervalados para doentes crônicos é um caminho que fará parte das prescrições no futuro e terá seu lugar com indicação precisa. No momento, mais estudos de qualidade científica são necessários, com maior número de pacientes e por tempo de observação mais prolongado, para que essa prática vire um preceito seguro a ser seguido.
Fonte: MinhaVida
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