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www.terra.com.br/vidaesaudeFibromialgia é uma doença crônica que causa dores em músculos e tendões. A dor, de moderada a intensa, se alastra pelo corpo todo. Diferentemente do reumatismo, a fibromialgia não atinge as articulações. Os mais comuns sintomas da fibromialgia são: fadiga, distúrbio do sono e intolerância a exercícios, além da dor generalizada.
A causa da fibromialgia ainda não é totalmente conhecida. Porém, como explica o reumatologista-chefe do Ambulatório de Fibromialgia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eduardo S. Paiva, estudos recentes mostram que os pacientes que manifestam a doença apresentam uma sensibilidade maior à dor do que as outras.
"Seria como se o cérebro das pessoas com fibromialgia estivesse com um 'termostato' desregulado, que ativasse todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor. Desta maneira, nervos, medula e cérebro estariam fazendo que qualquer estímulo doloroso aumente de intensidade", diz.
"No nosso dia-a-dia, machucamos a musculatura a todo instante. Em pessoas sem fibromialgia, estes pequenos traumas, distensões e tensões passam despercebidas. Na pessoa com fibromialgia, as dores vindas destas lesões são amplificadas, e começa o grande 'círculo vicioso' dentro do músculo: a musculatura fica dolorida e se contrai; esta tensão leva a mais dor, que tenciona mais o músculo, e assim por diante. A pessoa começa a não dormir bem e a não se exercitar, o que piora a dor muscular, mantendo o ciclo. Sintomas de depressão e ansiedade também podem piorar o quadro", explica o reumatologista.
Sabe-se que diferentes fatores podem favorecer a manifestação da doença, como doenças graves, traumas emocionais ou físicos (como acidentes de carro), infecções e mudanças hormonais. Porém, o motivo pelo qual algumas pessoas desenvolvem a fibromialgia e outras não ainda é desconhecido.
Conforme explica o reumatologista Eduardo Paiva, a doença é um problema bastante comum, visto em pelo menos 5% dos pacientes que vão a um consultório de clínica médica e em 10 a 15% dos pacientes que procuram um consultório de reumatologia
A doença atinge mais as mulheres do que os homens, em uma relação de nove para um. O pico de incidência ocorre entre os 30 e os 50 anos de idade, porém não se descarta a manifestação da doença em crianças, adolescentes e idosos. Paiva diz que não se sabe o motivo de a doença se manifestar mais em mulheres. "Não parece haver uma relação com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da menopausa", comentou.
A fibromialgia pode começar em uma região específica, como pescoço e ombro, e se espalhar, posteriormente, para outras áreas. Geralmente, os sintomas dolorosos são descritos como pontadas, ardência, sensação de peso, incômodo, rigidez e fisgadas. Muitos pacientes se queixam de dor difusa e, quando perguntados sobre a localização da dor, costumam dizer que "dói o corpo todo".
Além disso, a doença está associada ao distúrbio do sono, à angústia, à ansiedade, à depressão e ao estresse. Por todos estes motivos, há a possibilidade de diminuição da produtividade e da qualidade de vida dos pacientes. O objetivo do tratamento da fibromialgia é aumentar a analgesia (perda de sensibilidade à dor) central e periférica, melhorar os distúrbios do sono, minimizar os distúrbios de humor (ansiedade, depressão) e melhorar a qualidade de vida dos pacientes de uma forma geral.
Diagnóstico e tratamentos
Não existem exames que por si só confirmem a fibromialgia. O diagnóstico é clínico, isto é, não são necessários exames para comprovar que ela está presente. Assim, a experiência clínica do profissional que avalia o paciente é fundamental para o sucesso do tratamento. Vários estudos já foram publicados sobre critérios que auxiliam no diagnóstico dessa síndrome, diferenciando-a de outras que acarretam dor muscular ou óssea. Ente eles está o fato de a dor generalizada permanecer por um período maior que três meses e a presença de pontos dolorosos padronizados, por exemplo.
O tratamento é feito por via farmacológica, mas sempre com o apoio de tratamentos alternativos e complementares. Entre eles, o mais importante são os exercícios físicos de baixo impacto e alongamentos, que devem sempre ser acompanhados por um profissional do esporte ou fisioterapeuta. Além disso, não são descartados os auxílios por meio de acupuntura ou técnicas de relaxamento. O tratamento psicológico é sugerido em casos de ansiedade ou depressão extremas.
Fisioterapia no combate à fribromialgia
Entre todos os tratamentos complementares da fibromialgia, além dos exercícios físicos, a fisioterapia é um dos mais adequados. Conforme Solange Canavarro, presidente da Comissão de Educação em Fisioterapia do Conselho Regional de Fisioterapia do Rio de Janeiro, a melhor maneira de abordar a doença é de uma forma global.
"A fibromialgia apresenta sintomas difusos que migram de um ponto do corpo para outro. Por isso, o tratamento não pode ser focal, mas global. Um trabalho postural, levando em conta a história postural do paciente, seu biótipo e as atividades que ele desenvolve durante o dia", explicou.
"Juntamente a isso, trabalhamos a Reeducação Postural Global (RPG) e verificamos as condições ergonômicas do dia-a-dia do paciente. Por exemplo, se a pia de louça está na altura ideal para a dona de casa, se o computador está na linha de visão da secretária, e se ela tem o teclado adequado", cita Solange.
Conforme a fisioterapeuta, tratamentos focais como infravermelho e massagens especiais são bons para casos de dor intensa, mas não são os ideais se o objetivo for manter a qualidade de vida do paciente a longo prazo. "É melhor tratar as tensões com alongamentos e fortalecimentos de músculos. Pode também fazer esse trabalho voltado para o dia-a-dia, para interromper o ciclo vicioso que provoca a dor", disse.