A fibromialgia é definida não como uma doença, mas uma síndrome (conjunto de sintomas), um processo não inflamatório e crônico, na qual a maior queixa é uma dor que não tem parada. Ora atinge o pescoço e os braços, ora a coluna e as pernas. Resumindo: o paciente sente dores no corpo todo, as quais não consegue definir direito. “Às vezes, a dor é percebida como uma sensação de peso numa parte do corpo. Em outras, compara-se a um forte aperto, uma queimação, um ardor”, define a reumatologista Evelin Goldenberg. Além da sensação dolorosa, podem aparecer outros sintomas como formigamento, irritabilidade, enxaqueca, cólon irritável, pernas inquietas e distúrbios do sono. Embora suas primeiras descrições tenham sido registradas no século XIX, somente em 1976, após os estudos do psiquiatra Harvey Moldofsky e do reumatologista Frederick Wolfe, a fibromialgia foi caracterizada como uma doença orgânica, que atinge de 2% a 5% da população mundial e ainda consegue confundir médicos e pacientes. Isso porque, em quase cem por cento das vezes, a fibromialgia nunca vem só, mas sempre acompanhada de outros problemas de saúde. Essa confusão pode levar facilmente a uma dificuldade de diagnóstico e, por consequência, a uma indicação inadequada de tratamento.
Causa incerta
Os médicos ainda não sabem dizer ao certo qual a verdadeira causa da fibromialgia. O fato de metade dos pacientes não apresentar depressão antes ou depois do surgimento da síndrome é bastante significativo porque, até tempos atrás, a síndrome era entendida como uma depressão mascarada. Entretanto, os conceitos estão mudando. “Diversos estudos mostram que os sintomas clínicos parecem ser decorrentes de alterações dos mecanismos que modulam a dor, presentes no sistema nervoso central de indivíduos geneticamente predispostos. Recentes pesquisas mostram que muitos pacientes com fibromialgia têm familiares com o mesmo problema”, diz Evelin. O neurologista Leonardo Lourenço também aponta outros dados: “Existem indícios de que os mecanismos de percepção da dor estão ligados a neurotransmissores químicos no sistema nervoso e nos músculos. Tais mecanismos podem ser influenciados pelo excesso de condicionamento muscular ou a falta dele (sedentarismo), por fatores hormonais e por alterações do estado emocional e psicológico da pessoa. E tem mais: os mecanismos citados podem atuar tanto como causa quanto como consequência”, diz o médico.
Como diagnosticar
Para os médicos, nem sempre é fácil chegar a um veredicto. “O diagnóstico da fibromialgia é clínico, pois os exames complementares, laboratoriais ou de imagem, são absolutamente normais. Ele se baseia na presença da dor difusa, pelo corpo todo, por mais de três meses, e no reconhecimento pelo médico de pontos predefinidos que sejam dolorosos à pressão dos dedos”, enfatiza Evelin. Esses pontos dolorosos (tender points) foram estabelecidos em 1990 pelo Colégio Americano de Reumatologia (American College of Rheumatology – ACR). Embora sejam 18 pontos, quando, em um exame, o paciente apresenta dor em 11 deles, ele pode ser considerado como um sério candidato a ser portador de fibromialgia. Entretanto, antes de se estabelecer o diagnóstico, o médico não pode se esquecer de dois aspectos. Primeiro: os sintomas da fibromialgia facilmente são confundidos com os de outras doenças ósseas ou de lesões de músculos ou tendões. Entre essas doenças estão: osteoartrose, lesões por esforços repetitivos ou distúrbios
osteomusculares (LER/DORT), artrites reumatóides, bursites, tendinites, e por aí afora. Porém, o detalhe da dor difusa, no corpo inteiro, sem ter parada, é “monopólio” da fibromialgia, o que não acontece em outros distúrbios. Segundo: para estabelecer o diagnóstico, é preciso conhecer em detalhes a história do paciente desde a infância, escutar suas queixas e procurar fatores emocionais ou quadros de depressão ou ansiedade. Embora não sejam as causas diretas da fibromialgia, com certeza esses fatores estão intimamente ligados ao desencadeamento da síndrome
Sob controle
Não existe ainda um medicamento específico para acabar de vez com ela. Mas isso não significa que o fibromiálgico tenha de se conformar em levar a vida inteira cheio de dores. Com o tratamento adequado, que é realizado com medicamentos e mais uma série de terapias consorciadas, entre elas a Fisioterapia, a intensidade dolorosa poderá diminuir enquanto a qualidade de vida do paciente aumenta: “O tratamento é individualizado. Se houver alguma doença associada, certamente ela deverá ser tratada para eliminar o fator. Ou seja: se ele tem artrite reumatóide, trata-se desse quadro sem esquecer a fibromialgia”, explica Evelin. Existem várias medicações que podem ser indicadas. Muitas vezes, estas são associadas para controlar a dor da fibromialgia e tratar de outros quadros. Por exemplo: os anti-inflamatórios e analgésicos devem ser administrados quando a síndrome estiver associada a doenças inflamatórias, como artrites. Só para combater a fibromialgia, essas medicações resolvem pouco, alerta o neurologista Leonardo Lourenço.
Fonte: fisioterapia.com
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