segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fisioterapia na reabilitação da paralisia facial periférica

A paralisia facial periférica (PFP) ocorre quando há interrupção da condução nervosa do nervo facial, consequência de diferentes fatores etiológicos, tais como traumáticos (pode acometer os indivíduos através de objetos cortantes ou perfurantes, projéteis de arma de fogo, acidentes automobilísticos e outros), infecciosos (causadas pela meningite,otites, herpes zoster e outras), neoplásicos, disfunções metabólicas (Diabetes Mellitus, hipotireoidismo, gravidez), idiopáticos e outros.

De acordo com a fisioterapeuta Nilvânia Pereira, essa doença causa a paralisia de um conjunto de músculos, os quais são responsáveis pela mímica facial, podendo acarretar grandes deformidades fisionômicas que levam a incapacidades físicas, psicológicas e sociais. “A pálpebra inferior fica caída, ocorre inchaço facial, dificuldade de fechar completamente os olhos, mas, claramente, os sintomas variam de acordo com a localização e a gravidade da lesão do nervo facial. A paralisia facial periférica pode causar também outros sintomas, como: os sulcos da testa ficam menos pronunciados do lado paralisado, o globo ocular se levanta ao tentar fechar a pálpebra (sinal de Bell), os cílios do lado afetado ficam mais evidentes do que o lado sadio quando os olhos tentam se fechar, a fenda da pálpebra aumenta, há uma ausência do sulco nasomentoniano e queda da comissura labial”, explica.
A boca e a língua são desviadas para o lado sadio, quase impossibilitando de conter líquidos, assobiar, soprar ou sorrir. Distúrbios da gustação, salivação, lacrimejamento, entre outros, podem estar associados. Sua incidência varia de 20 a 30 casos por 100 mil pessoas, homens e mulheres são igualmente afetados. “Importante salientar que, entre 2009 e 2013, tive 21 casos de atendimento no consultório”, destaca.
Outros fisioterapeutas também relatam o alto índice de pacientes com este tipo de paralisia que procuram atendimento. “O tratamento da paralisia facial periférica deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros”, acrescenta Nilvânia.
Os recursos e técnicas fisioterapêuticas exercem um papel fundamental na recuperação ou minimização destas complicações, porém, a recuperação da função do nervo facial depende da etiologia, idade do paciente, comprometimento neuromuscular, tipo de lesão, nutrição do nervo e tratamento instituído. “O objetivo principal da fisioterapia é restabelecer o trofismo, a força e a função muscular através de recursos como a cinesioterapia, feedback visual, crioterapia, facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP), eletrotermoterapia e massagens”, salienta.
Nilvânia informa que há várias técnicas que são empregadas no tratamento da paralisia, obtendo-se bons resultados, são elas:

- Cinesioterapia: na cinesioterapia, os exercícios de mímica facial e retreinamento facial devem ser realizados com auxílio de feedback visual. Utilizando um espelho, o paciente tem uma melhor conscientização visual e permite a correção dos erros e uma maior eficácia do controle voluntário da musculatura facial. Exemplo: exercício de mímica facial para unir as sombrancelhas;

- Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP): a FNP utilizada em pacientes com paralisia facial periférica visa promover e acelerar as respostas neuromusculares através da estimulação proprioceptiva. Os movimentos devem ser realizados bilateralmente devido à simetria facial e por meio de reflexos de estiramento. O movimento deve ser realizado em frente ao espelho para um melhor controle do paciente.

- Eletroterapia: nesta modalidade de tratamento, deve-se levar em consideração a escolha de uma corrente adequada, o tempo de pulso e intensidade da corrente de acordo com a sensibilidade do paciente. Além disso, deve ser realizado eletrodiagnóstico prévio para se diminuir os possíveis efeitos colaterais como a contratura muscular.

- Termoterapia: o calor é utilizado com o objetivo de promover o relaxamento da musculatura na fase de hipertonia da paralisia facial, pois promove aumento da circulação sanguínea no local, maior extensibilidade dos tecidos moles e diminui a resistência dérmica. A termoterapia por calor pode ser aplicada superficialmente através de compressas quentes, infravermelho ou por calor profundo através de ondas curtas, ultrassom .

- Crioterapia: a crioterapia provoca uma vasoconstrição reflexa, causando relaxamento e analgesia. Deve ser aplicada de forma rápida e breve sobre o dermátomo do músculo a ser trabalhado para facilitar a atividade muscular. Esta técnica tem também como objetivo estimular os pontos motores, obtendo contração muscular na fase flácida da paralisia.

- Massoterapia: a massagem é uma técnica utilizada com o objetivo de diminuir o edema e para melhorar o tônus da musculatura e aumentar a circulação sanguínea. Deve ser feita nas duas hemifaces, com manobras de deslizamento superficial e profundo, de modo correto para não desencadear reações reflexas e piora das retrações musculares. A pompagem (outra técnica de massagem), atua nas fáscias musculares, promovendo uma amplitude dos movimentos e uma analgesia na tensão dos bloqueios faciais.

Fonte: fisioterapia.com

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