quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Chupeta – o que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma para seu bebê

A oferta da chupeta se difundiu amplamente na sociedade contemporânea. Trouxe consigo conveniência e comodidade, “simplificando” a tarefa dos adultos em acalmar o bebê. Muitos não sabem ao certo se devem ou não oferecê-la. Desinformação, falta de tempo, busca por facilidades imediatas, desconexão com os próprios instintos da espécie e tantos outros motivos popularizaram o seu uso e fizeram com que formas naturais e gentis de lidar com o choro e as demandas do bebê fossem deixadas de lado. Assim, a necessidade básica de sucção no peito não é plenamente suprida, muito menos as necessidades psico-afetivas do bebê, como um ser humano complexo em formação. O motivo do choro que está sendo silenciado fica sem resposta. A chupeta acaba sendo uma solução mágica e instantânea, que se arrasta pela infância afora e, disfarçada de outras formas, chega até a vida adulta. Por isso, não se iluda! A chupeta não é inocente como parece. Efeitos colaterais advindos do seu uso existem, e aumentam em quantidade e gravidade ao longo do desenvolvimento infantil. Acompanhe, sob uma perspectiva baseada em evidências, as potenciais consequências relacionadas ao uso da chupeta.

Interfere negativamente sobre a amamentação. Estudos mostram que crianças que desmamam precocemente usam chupeta com maior freqüência do que aquelas que são amamentadas por um período maior. A sucção de um bico artificial leva à perda da tonicidade e alteração da postura muscular (dos lábios e língua, principalmente), fazendo com que o bebê não consiga manter corretamente a pega do peito. Além disso, existem evidências de que chupar chupeta diminui a produção de leite, pois o bebê solicita menos o peito, causa ferimentos na mãe devido à pega errada, o que acaba interferindo até mesmo no seu ganho de peso. Não oferecer bicos artificiais e chupetas a crianças amamentadas é um dos Dez passos para o Sucesso do Aleitamento Materno recomendado pela Organização Mundial de Saúde, UNICEF e Ministério da Saúde.

Prejudica a correta maturação funcional do sistema estomatognático (SE)*. Atrapalha na fala, mastigação, deglutição e respiração da criança. Podem surgir deficiências de dicção, presença de sibilo/ceceio na fala, voz rouca e/ou anasalada. A mastigação perde sua característica normal bilateral e alternada, tendendo a vertical ou unilateral, afetando diretamente as articulações têmporo-mandibulares e o desenvolvimento das estruturas envolvidas. Desenvolve-se potencialmente uma deglutição atípica, com interposição de língua e participação da musculatura peri-oral. O padrão respiratório se altera de nasal para bucal ou misto. Assim, existe um consenso na literatura científica de que hábitos de sucção não-nutritivos são potencialmente nocivos para a saúde da criança e que, por isso, devem ser desestimulados ou removidos o mais cedo possível no intuito de minimizar os danos.

Altera a postura e tonicidade dos músculos da boca: o lábio superior fica encurtado, o lábio inferior fica flácido e evertido (virado para fora), ocorre a perda do selamento labial passivo (sem esforço), a pele do queixo pode ficar enrugada (refletindo o esforço do músculo mentalis para auxiliar no vedamento labial), as bochechas ficam hiper/hipotonificadas e caídas (de acordo com a forma que a criança adapta a sucção) e a língua perde a tonicidade, ficando numa posição baixa e retraída dentro da cavidade bucal.

Provoca mal oclusão dentária. Mordidas abertas, mordidas cruzadas, mal oclusão de Classe II, overjet acentuado e outras alterações nos dentes são associadas ao uso de bicos artificiais. Crianças com hábitos de sucção não-nutritiva apresentam 12 vezes mais chance de desenvolver problemas oclusais do que crianças sem hábito. Mais de 70% das crianças que possuem hábitos de sucção não-nutritiva apresentam algum tipo de mal oclusão.

A necessidade de sucção do bebê deve ser suprida no peito: Crianças que nunca mamaram no peito ou que tiveram aleitamento misto antes dos três meses de idade têm aproximadamente sete vezes mais chance de desenvolver hábitos de sucção não-nutritivos do que crianças amamentadas por mais tempo. Desde a vida intra-uterina o bebê apresenta um impulso neural de sucção. Ele começa satisfazendo esse impulso com o próprio dedo e ao mesmo tempo vai desenvolvendo a função da sucção, crítica para sua sobrevivência após o nascimento durante a amamentação. Se o bebê for amamentado e não houver interferências negativas, o próprio desenvolvimento e amadurecimento neuro-funcional se encarregará de fazer com que a necessidade neural de sucção se esgote espontaneamente em torno do final da fase oral. Portanto, nada substitui o ato de mamar no peito, pelo aporte nutricional e imunológico do leite materno, pela troca de afetividade entre mãe e filho e pelo mecanismo de sucção exclusiva que este propicia para um perfeito desenvolvimento. A amamentação é primária na prevenção em saúde e no funcionamento pleno das potencialidades vitais da criança, refletindo diretamente sobre a sua qualidade de vida. A amamentação deve ser realizada de forma exclusiva até os 6 meses e continuada até os 2 anos de idade ou mais! A decisão de introduzir ou não chupeta é da família. Mas cabe aos profissionais oferecerem aos pais subsídios para que tomem uma decisão consciente e informada a esse respeito.

Fonte: Comunidadedeams

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