A função normal dos músculos do assoalho pélvico (MAP) é caracterizada como a habilidade de realizar uma contração voluntária forte, e uma contração involuntária que ocorre concomitante ao aumento da pressão intra-abdominal (Talasz etal., 2008). A correta contração dessa musculatura depende de uma adequada consciência perineal (Palma, 2009; Thompson et al., 2006). Durante uma forte contração deve-se observar a oclusão do intróito vaginal e sua aproximação com o orifício do ânus, resultando em um movimento em sentido ventral dos órgãos pélvicos (Moreno, 2004, p. 102). Não se deve permitir a contração sinérgica da musculatura acessória (glúteos, adutores e reto abdominal) (Morkved et al., 2000).
O assoalho pélvico da mulher adulta é naturalmente fraco, por causa de sua postura ortostática, posição a qual o peso das vísceras recai sobre a musculatura pélvica. Aproximadamente 37% das mulheres não tem consciência de sua musculatura perineal e não conseguem contrair esses músculos quando isso lhes é solicitado (Palma, 2009). Somando-se a este fato, mulheres com perda involuntária de urina demonstram estratégias de controle motor alteradas durante a contração voluntária dos músculos do assoalho pélvico (Madill et al., 2009).
A consciência perineal e a contração isolada do grupo muscular do assoalho pélvico são condições essenciais para um programa de reabilitação da incontinência urinária (IU), o que reforça a importância de avaliação dos MAP e um programa supervisionado de propriocepção dessa região por um profissional qualificado (Moreno, 2009, p. 106-10; Outeiriño et al., 2007; Thompson et al., 2003).
No tratamento das disfunções do assoalho pélvico, os principais objetivos do fisioterapeuta são educar sobre a disfunção, informar sobre as intervenções no estilo de vida e treinar os músculos do assoalho pélvico. Este inclui ensinar a maneira correta de contrair, a conscientização dos músculos, a coordenação, o controle motor, a força, a resistência e o relaxamento muscular. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) pode ser ensinado com ou sem o uso de outra terapia associada, como a estimulação elétrica perineal (Bo et al., 2007).
A eletroestimulação intravaginal (EEIV) tem mostrado resultados terapêuticos efetivos em pacientes com disfunção do assoalho pélvico, promove contração dos MAP, contribuindo para um treino de força e resistência muscular, aumentando o número de unidades motoras ativadas e gerando hipertrofia das fibras. Esses benefícios alcançados promovem contração forte e rápida dos músculos aumentando a pressão uretral e prevenindo a perda de urina durante aumento abrupto na pressão intra-abdominal (Palma, 2009).
Além disso, a EEIV atua de forma passiva permitindo a conscientização de um músculo pouco utilizado como o elevador do ânus, possuindo efeito importante sobre o despertar proprioceptivo e estimulando assim o aprendizado correto da contração perineal (Amaro et al., 2005; Chiarapa et al., 2007).
Fonte: Blog FisioBrasil
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